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Prefeitura de Londrina apresenta projeto pioneiro para o Lago Cabrinha

“Soluções Baseadas na Natureza” desenvolvidas pela organização internacional ICLEI, em parceria com o Governo Alemão, possibilitará o rearranjo de pedras e da vegetação no lago, preservando a nascente de água, a fauna e a flora do local

  • Escrito por Ana Paula Hedler
  • Publicado: Sexta, 21 de Maio de 2021, 14h42

 Nesta quinta-feira (20), às 10 horas, o prefeito Marcelo Belinati e o secretário executivo-adjunto do ICLEI América do Sul, Rodrigo Corradi, apresentaram o projeto piloto demonstrativo de “Soluções Baseadas na Natureza”, no Lago Cabrinha, zona norte da cidade. O lançamento dos trabalhos foi transmitido de forma on-line pelo Facebook da Prefeitura de Londrina e está disponível para quem não pôde acompanhar ao vivo.

O projeto no Lago Cabrinha faz parte da iniciativa do INTERACT-Bio do ICLEI América do Sul, do qual a Região Metropolitana de Londrina faz parte desde 2017. O objetivo da organização internacional é apoiar os governos locais de diversos países do mundo, para o correto aproveitamento da natureza em prol da conservação da biodiversidade e dos ecossistemas e da sustentabilidade ambiental e econômica.

Para isso, em Londrina, a iniciativa prevê o rearranjo das pedras rachão existentes no Lago Cabrinha, de maneira que elas formem pequenas piscinas escalonadas, sendo a primeira mais profunda que as seguintes.

Será feito o barramento com pedras grandes semiterradas e troncos, para a base, o solo será preenchido com pedras menores encaixadas e será colocado talude para o posterior plantio de vegetação. Às margens, as pedras continuarão fazendo seu papel de contenção.

Além disso, uma barreira de contenção -feita com vegetação ripária e rizomatosas, resistentes à água será plantada através da técnica de fitorremediação. Abaixo dela, os técnicos colocarão uma manta geotêxtil (de fibras de vegetais) para servir de base do talude, onde será plantada a vegetação.

O objetivo das intervenções é que a energia das águas -que escoam das galerias do sistema convencional de drenagem pluvial- perca velocidade, volume e força, evitando estragos pelo caminho, possíveis inundações e deslizamento de terra nas margens do Córrego, assim como ocorra a erosão do solo e o assoreamento do Lago Cabrinha. Já com o plantio da vegetação adequada e nativa, espera-se ter agentes de purificação das águas, que podem estar contaminadas ou poluídas por depósito de substâncias orgânicas e inorgânicas. Com isso, a Prefeitura busca reduzir os efeitos da degradação ambiental no Córrego e otimizar a capacidade do sistema de drenagem.

Segundo o prefeito Marcelo Belinati, essas soluções ambientais foram propostas pela Prefeitura de Londrina em parceria com vários institutos internacionais, como o ICLEI e o Governo da Alemanha, para que possa haver a preservação do Lago Cabrinha e que ele não retorne a forma que teve em anos passados.

“Anos atrás, o Lago Cabrinha estava impossível para as pessoas frequentarem. Estava sujo, feio, escuro e totalmente assoreado. Então, foi feito um grande trabalho pela Prefeitura, por meio da CMTU, onde ele foi desassoreado, foi construída uma pista de caminhada, bancos e parquinho, e colocada iluminação em LED. Tudo para a população voltar a usar o local e ela voltou. Agora, o projeto piloto vai buscar a ocupação das pessoas, mas de forma que haja a preservação ambiental. Londrina é privilegiada. São mais 80 fundos de vale,  100 áreas com córregos e ribeirões e a nossa ideia é que haja o equilíbrio entre o desenvolvimento da cidade e a preservação ambiental”, contou Marcelo.

Para a elaboração dessa proposta, a empresa paulista Guajava Arquitetura da Paisagem e Urbanismo foi contratada pelo ICLEI América do Sul para desenhar o projeto, que foi desenhado por arquitetos urbanistas, biólogos, engenheiros civis e ambientais e pelos docentes e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O projeto custou €$ 40 mil, ou seja, mais de R$ 250 mil, que foram pagos pelo ICLEI e o Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear do Governo da Alemanha.  Agora, a partir da próxima semana, a empresa Guajava terá 90 dias para executar os serviços.

Sobre isso, o secretário executivo-adjunto do ICLEI América do Sul, Rodrigo Corradi, explicou que a intervenção ambiental no Lago Cabrinha é o fechamento dos trabalhos do INTERACT-Bio do ICLEI em Londrina. “É uma agenda de cooperação promovida pelo Governo Alemão, com foco no Brasil, na Índia e na Tanzânia, com ações feitas por governos locais, nos quais  a gente finaliza com a qualificação do projeto que o representa. No caso em questão é na nascente do rio. O objetivo é que o rio seja filtrado e protegido de qualquer erosão seguindo a lógica das soluções baseadas na natureza, que é que replicar dentro do espaço urbano, as ações que simulam como a própria natureza se protege”, esclareceu Corradi.

Durante a apresentação do projeto, mestre em arquiteta e urbanismo e assistente de projetos do ICLEI – Governos Locais para a Sustentabilidade, Camila Oliveira Silva, explicou que para que a iniciativa chegasse ao ponto em que está hoje, o ICLEI realizou atividades e workshop com 37 representantes de secretarias municipais e entidades interessadas no assunto, debateu sobre os serviços ecossistêmicos, coletou informações em vários setores, fez o diagnóstico regional, o levantamento das questões estratégicas e a integração intersetorial com as várias esferas de governo. Também trabalhou com estudos do uso do solo urbano e rural, a classificação das áreas com potencial para inundações e a revisão do Plano Diretor e das leis complementares, como a de Usos e Ocupação do Solo.

Segundo a especialista, ações como os jardins de chuva, as bacias de biodetenção, canteiro pluvial, alagados naturais e construídos, bacias de infiltração vegetadas, que ajudam na regulação do ciclo hidrológico e no controle de cheias do corpo hídrico, contribuem para a redução dos riscos de enchentes, para a estabilização estrutural dos bancos do corpo hídrico, evitam a erosão e o deslizamento de terras e com a ajuda de árvores e arbustos fornecem sombra e mantém a temperatura das águas. Tudo pensado através da observação da natureza e buscando enfrentar os desafios atuais, tais como a escassez de água potável, o surgimento de eventos extremos e das mudanças climáticas.

“O projeto do Lago Cabrinha tem um alcance não só no bairro, mas no município inteiro.

A CMTU fez algumas ações muito importantes naquela localidade, entendendo que a intenção é preservar a nascente e evitar a erosão das margens do Lago Cabrinha. Nosso objetivo agora é tratar as águas ao invés de esperar elas chegarem com todo o sedimento ao lago, estimular a fauna no local, fazer o plantio da vegetação e a mobilização social, para que haja a conscientização da população, onde todos ajudem a cuidar e a preservar. É um projeto inovador para o Brasil inteiro”, acredita Silva.

O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL), Tadeu Felismino, lembrou que, desde 2017, o ICLEI vem trabalhando em conjunto com a Prefeitura de Londrina na tentativa de aplicar as soluções mais inovadoras e adequadas ao meio ambiente local. Isso porque, atualmente, é comum o debate das soluções baseadas na natureza, que levam em consideração os recursos naturais existentes e a própria capacidade natural de defesa, unidas ao entendimento da importância da sustentabilidade ambiental.

 


“Dentro do programa, o ICLEI captou recursos financeiros para apoiar as soluções baseadas na natureza em Londrina. A alguns anos atrás, discutimos onde implantar o projeto e o prefeito Marcelo Belinati escolheu o Lago Cabrinha.  Acredito que esse é um projeto que dará visibilidade diferente para nossa cidade, será uma vitrine da nossa cidade para o mundo inteiro e representa uma oportunidade de comemorarmos os 70 anos da Lei de Preservação de Fundos de Vale e das Áreas de Preservação Ambiental em Londrina”, pontuou Felismino.

Sobre o INTERACT-Bio – O  Município de Londrina e a região metropolitana participam do Projeto INTERACT-Bio, organizado pelo ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, onde recebem suporte técnico e capacitação e fazem intercâmbio de informações com outras regiões internacionais voltadas a trabalhos sobre biodiversidade. As ações são financiadas pelo Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Construção e Segurança Nuclear (BMUB) através da Iniciativa Climática Internacional (IKI).

Além de Londrina, participam do projeto, no Brasil, as cidades de Campinas e Belo Horizonte. Outros países, como a Índia e Tanzânia, também foram escolhidos para receber as ações do INTERACT-Bio, por serem países que possuem uma biodiversidade única, de importância global e que enfrentam desafios complexos de desenvolvimento social, econômico e ambiental.

A intenção do INTERACT-Bio é viabilizar a implantação de ações focadas na biodiversidade, conservação do meio ambiente e desenvolvimento das cidades, para ajudá-las a instituírem instrumentos para a otimização da utilização e a gestão dos recursos naturais. Para tanto, o projeto teve início em 2017 e perdura até o momento.

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